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Drs. Triplett e Malmquist, porque escreveram o Livro branco do colagénio?
Dr. Malmquist: Senti que os médicos precisavam de uma fonte objetiva para entender o colagénio e os biomateriais que contêm colagénio, tanto como produtos comerciais como componentes básicos nos procedimentos regenerativos. Quando recordo a génese da Regeneração Óssea Guiada e os contínuos debates sobre as barreiras face às membranas, o colagénio esteve sempre em destaque no que diz respeito à “barreira de escolha”. Devido à repercussão do colagénio na implantologia e à falta de conhecimento básico que os médicos têm sobre o colagénio como complemento da cicatrização, pareceu-me importante definir melhor os produtos de colagénio.
Dr. Triplett: O colagénio é um dos biomateriais mais utilizados em odontologia e medicina, mas a maioria dos profissionais sabe pouco sobre os produtos de colagénio e há poucas provas científicas da sua eficácia. As empresas de biomateriais têm-se mostrado relutantes a realizar ensaios comparativos, pelo que em muitos casos a eficácia é baseada em relatórios pontuais. Um exemplo: algumas empresas de colagénio não estabeleceram durante quanto tempo as suas membranas funcionam ou inclusive quando são reabsorvidas. É possível que os profissionais ocupados não avaliem os seus resultados de forma crítica. Portanto, interessava-me participar neste livro branco tanto para o meu próprio conhecimento como para a nossa profissão.
Porquê o colagénio?
Dr. Malmquist: Uma boa pergunta. Para mim é porque foi o “produto de referência” para o uso de barreiras nos enxertos. Basta verificar os numerosos prospetos do produto, a publicidade e as declarações erradas para compreender o desconhecimento geral que existe. Por isso, quando se ouve dizer que “todos os colagénios são iguais”, é por isso que escrevemos o artigo, para demonstrar que existem diferenças. Alguns médicos compram pelo preço, mas poucos entendem como os colagénios afetam o processo de cura ou o “custo” real dos seus resultados. Muitos médicos desconhecem os diferentes tipos de colagénios ou como encaixam na via da regeneração. Esperamos que este artigo seja útil.
Dr. Triplett: Os colagénios são comummente utilizados e têm o potencial para atuar como portadores de proteínas, fatores de crescimento e células vivas para a regeneração dos tecidos. No entanto, a maioria dos médicos não sabe como ou porquê utilizar um produto em vez de outro. Muitas vezes faltam provas científicas.
Qual acredita que é a mensagem essencial do artigo?
Dr. Malmquist: Que o colagénio é de natureza complexa, um complemento para a cura e de comportamento variável. Sem dúvida, o aspeto mais importante é que os colagénios não são todos iguais e não se comportam da mesma forma. A origem, a reticulação e o processamento são elementos-chave no comportamento do colagénio.
Dr. Triplett: Os colagénios adequados são úteis para a hemostasia, a estabilização de coágulos, a angiogénese/vascularização rápida e a cicatrização de tecidos moles e duros. Os colagénios e as técnicas cirúrgicas adequadas podem proporcionar resultados melhorados sem complicações ou morbilidade, além de serem rentáveis e proporcionar uma melhor assistência ao paciente.
Você exorta os fabricantes a “... compreender e proporcionar provas sobre como os seus colagénios interagem com os tecidos na cura, especialmente se os seus biomateriais de colagénio são capazes de proporcionar resultados regenerativos”. Porquê e o que faz com que os resultados regenerativos sejam tão especiais?
Dr. Malmquist: A regeneração é fundamental para melhorar os resultados. Portanto, a questão de saber se o colagénio proporciona uma plataforma de regeneração adequada é fundamental. A maioria das indicações do colagénio sugere que seja utilizado como complemento de cura segundo os protocolos da FDA. Contudo, vemos sugestões para usos adicionais (fora do rótulo) por parte de fabricantes com pouca ou nenhuma evidência. A meu ver, isso é simplesmente errado. Infelizmente, esse erro ocorre não apenas com o colagénio, mas também com muitos dos vários substitutos de enxertos ósseos. Deve haver uma ciência adequada que justifique as afirmações.
Qual é o seu conselho para os jovens médicos que tentam classificar a variedade de biomateriais disponíveis hoje em dia?
Dr. Malmquist: Confiem sempre na base científica para determinar o melhor resultado para os seus pacientes. Isso significa utilizar produtos e técnicas com base científica que proporcionem resultados reproduzíveis. Afastem-se dos truques e da ciência duvidosa. Entendam como os produtos encaixam no processo de cura do vosso paciente. Fiquem longe de produtos que não têm provas nem uma base real para a sua utilização. Por exemplo, o osso alogénico liofilizado contém BMP? Provavelmente não, e contudo veem-no anunciado repetidamente na literatura da empresa. Fiquem atentos a informações falsas ou enganosas, procurem provas, ouçam os especialistas que utilizam os produtos corretamente e certifiquem-se de que não têm conflitos de interesse... Esta pessoa está a ser paga pelo seu apoio? Este é um mundo muito cruel neste momento. Portanto, a resposta fundamental é: utilizem produtos que estejam baseados na ciência e nas provas.
Qual é o futuro dos biomateriais de colagénio e como isso afetará a próxima geração de cirurgiões e os seus pacientes?
Dr. Malmquist: O futuro dos biomateriais de colagénio é infinito. As construções tridimensionais serão comuns, serão formadas com a impressão tridimensional e serão misturadas com diversos antibióticos, fatores de crescimento e proteínas ósseas. Também serão utilizados como portadores de células, com as suas superfícies bioativas que recrutam células para uma cura mais rápida e melhor. O futuro é imenso. A interação entre a ciência, a regeneração e a melhoria dos resultados influenciará não apenas os produtos, mas também as vidas dos próximos anos. O colagénio será a coluna vertebral de muitos destes projetos. Compreender o colagénio é compreender o futuro da regeneração na medicina e odontologia.
Dr. Triplett: Além do uso atual como membranas de barreira, hemostáticas, etc., o uso do colagénio na engenharia tecidual para a regeneração de tecidos mudará as regras do jogo. Foi demonstrado que os andaimes do colagénio têm um efeito sobre a atividade celular dentro das construções teciduais e adjacentes a elas, servindo assim como agente ativo em vez de passivo e proporcionando interações biológicas e um melhor desempenho nos sistemas biológicos.
Artigo traduzido de: https://www.regeneration-expert.com/article/the-right-collagen-membrane-can-improve-the-clinical-outcomes-1/none/none/1
