Elevação do seio maxilar: técnicas avançadas e evidência clínica

26-02-2025

O levantamento do seio maxilar tornou-se uma técnica indispensável na implantologia quando a altura óssea no maxilar superior é insuficiente para a colocação de implantes dentários (1). Este procedimento, baseado em décadas de desenvolvimento cirúrgico e evidência científica, garante resultados previsíveis e a longo prazo.  
Neste artigo, exploramos as técnicas disponíveis, as suas indicações clínicas e os avanços nos biomateriais que potenciam o sucesso do tratamento.  
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O que é a elevação do seio maxilar e porque é que é necessária?  

A perda de molares e pré-molares na maxila, combinada com a reabsorção óssea e a pneumatização do seio, pode resultar numa altura óssea residual insuficiente (<10 mm)2. Isto impede a colocação segura de implantes dentários, que são essenciais para restaurações funcionais e estéticas.  

O levantamento do seio maxilar tem como objetivo aumentar o volume ósseo através do acesso controlado e da manipulação do seio maxilar, proporcionando uma base adequada para a colocação de implantes dentários.3 

Indicações em função da altura do osso residual  

A escolha da técnica cirúrgica depende da quantidade de osso disponível: 

Altura óssea residual 

Técnica recomendada 

Características chave 

>10 mm (Classe A) 

Técnica habitual de colocação do implante  

Procedimento standard sem necessidade de aumento ósseo.  

7–9 mm (Classe B) 

Técnica com osteótomo 

Permite a colocação imediata do implante.  

4–6 mm (Classe C) 

Antrostomia lateral 

Uso de substitutos ósseos e colocação imediata ou diferida do implante. 

1–3 mm 

(Classe D) 

Antrostomia lateral 

Implantes diferidos e substitutos ósseos obrigatórios.  

Nota: Não se recomenda a colocação de um implante imediato quando a altura óssea residual é <4 mm, ou a qualidade do osso é deficiente.4 

Tabela 1: técnica recomendada segundo a altura óssea residual, Sinus Conference Consensus 1996.5 

  

Técnicas cirúrgicas e biomateriais recomendados  

1. Elevação do seio maxilar com abordagem lateral  

Indicada para alturas ósseas de 1-6 mm, esta técnica permite o acesso ao seio através de uma janela lateral (antrostomia lateral).6  

  • Procedimento: A membrana de Schneider é cuidadosamente elevada, criando um espaço que é preenchido com substitutos ósseos como o Geistlich Bio-Oss®.7  
  • Benefícios: Elevada fiabilidade em casos de reabsorção óssea grave.  
  • Evidência: A utilização de membranas de colagénio, como a Geistlich Bio-Gide®, melhora a taxa de sobrevivência dos implantes em 9,3%.8

Elevação do seio maxilar

2. Elevação do seio crestal  

Adequada para casos com alturas ósseas de 7-9 mm, esta técnica transcrestal é menos invasiva.9  

  • Procedimento: O seio é acedido a partir do rebordo alveolar utilizando osteótomos, levantando a membrana de Schneider e colocando um enxerto ósseo.  
  • Vantagens: Procedimento conservador que permite a colocação imediata de implantes em muitos casos.  
  • Limitações: Reparação mais difícil em caso de perfuração da membrana.

Elevação do seio maxilar

3. Elevação do seio maxilar com regeneração óssea guiada  

Indicada para defeitos verticais e horizontais combinados, esta técnica complementa a elevação do seio maxilar com regeneração óssea guiada para restaurar o volume ósseo tridimensional.10  

  • Procedimento: Os enxertos ósseos são combinados com membranas de barreira, como a Geistlich Bio-Gide®, para regenerar as deficiências ósseas enquanto se prepara a área para futuros implantes.  
  • Benefícios: Tratamento abrangente para casos complexos.  

Elevação do seio maxilar

 4. Preservação do rebordo alveolar  

Quando possível, a preservação do rebordo após a extração dentária reduz a necessidade de procedimentos invasivos.11  

  • Procedimento: Um enxerto ósseo, como o Geistlich Bio-Oss®, é utilizado para manter o volume ósseo após a extração.  
  • Resultados: Preserva mais de 90% do volume ósseo, reduzindo a necessidade de uma elevação do seio posterior. 

Elevação do seio maxilar

 

Importância dos biomateriais no sucesso da elevação do seio maxilar 

Os biomateriais são essenciais para garantir resultados previsíveis:  

  • Geistlich Bio-Oss®: Apoia a formação de novo osso e mantém o volume ósseo a longo prazo devido à sua lenta reabsorção.12  
  • Geistlich Bio-Gide®: Protege o enxerto, facilita a cicatrização e reduz as complicações, especialmente em casos de perfuração da membrana de Schneider.13  

Estudos clínicos demonstraram taxas de sucesso de implantes de 98,6% quando estes biomateriais são utilizados em combinação.14   

Avanços no diagnóstico e planeamento  

A precisão do diagnóstico é fundamental para o sucesso. A tomografia computorizada (CBCT) permite a avaliação da qualidade e altura do osso residual, bem como a deteção de possíveis complicações anatómicas, como pseudoquistos antrais.15  

Além disso, o planeamento digital facilita a seleção da técnica adequada e a utilização de biomateriais específicos de acordo com as necessidades do doente.  

Alternativas à elevação do seio maxilar  

Embora o levantamento de seio seja o padrão para casos de perda óssea significativa, existem alternativas:  

  1. Implantes curtos (<10 mm): adequados para pacientes com contraindicações cirúrgicas, embora tenham limitações em termos de estética e estabilidade a longo prazo16
  2. Preservação do rebordo alveolar: técnica minimamente invasiva que pode reduzir a necessidade de elevação do seio maxilar, preservando >90% do volume ósseo após a extração dentária.11

Casos clínicos e acompanhamento  

Os estudos clínicos demonstraram a eficácia destas técnicas:  

  • Abordagem lateral com Geistlich Bio-Oss® e Bio-Gide®: Casos com altura óssea residual de 1-2 mm alcançaram estabilidade óssea durante mais de 10 anos.17  
  • Elevação crestal: Resultados previsíveis em casos com cristas largas e altura residual ≥7 mm.9  

Conclusão  

A elevação do seio maxilar é uma técnica essencial para reabilitações suportadas por implantes no maxilar. A seleção da técnica correta, a utilização de biomateriais de qualidade e um planeamento preciso garantem resultados bem sucedidos e funcionais a longo prazo.  

 

Referências: 

  1. Jensen OT, et al. International J Oral Maxillofac Impl 1998; 13 Suppl: 11-45. (Estudo clínico). 
  1. Lee J-E, et al. World Journal of Clinical Cases 2014; 2(11):683-688. (Estudo clínico). 
  1. Boyne PJ, et al. Journal of Oral Surgery 1980; 38(8):613-616. (Estudo clínico). 
  1. Jensen OT, et al. International J Oral Maxillofac Impl 1998; 13 Suppl: 11-45. (Estudo clínico). 
  1. Tabela adaptada de Jensen OT, et al. 1998. 
  1. Tatum H Jr. Dental Clinics of North America 1986; 30(2):207-229. (Estudo clínico). 
  1. Aghaloo TL, Moy PK. Int J Oral Maxillofac Implants 2007; 22 Suppl: 49-70. (Estudo clínico).