O que é a elevação do seio maxilar e porque é que é necessária?
A perda de molares e pré-molares na maxila, combinada com a reabsorção óssea e a pneumatização do seio, pode resultar numa altura óssea residual insuficiente (<10 mm)2. Isto impede a colocação segura de implantes dentários, que são essenciais para restaurações funcionais e estéticas.
O levantamento do seio maxilar tem como objetivo aumentar o volume ósseo através do acesso controlado e da manipulação do seio maxilar, proporcionando uma base adequada para a colocação de implantes dentários.3
Indicações em função da altura do osso residual
A escolha da técnica cirúrgica depende da quantidade de osso disponível:
Altura óssea residual |
Técnica recomendada |
Características chave |
>10 mm (Classe A) |
Técnica habitual de colocação do implante |
Procedimento standard sem necessidade de aumento ósseo. |
7–9 mm (Classe B) |
Técnica com osteótomo |
Permite a colocação imediata do implante. |
4–6 mm (Classe C) |
Antrostomia lateral |
Uso de substitutos ósseos e colocação imediata ou diferida do implante. |
1–3 mm (Classe D) |
Antrostomia lateral |
Implantes diferidos e substitutos ósseos obrigatórios. |
Nota: Não se recomenda a colocação de um implante imediato quando a altura óssea residual é <4 mm, ou a qualidade do osso é deficiente.4
Tabela 1: técnica recomendada segundo a altura óssea residual, Sinus Conference Consensus 1996.5
Técnicas cirúrgicas e biomateriais recomendados
1. Elevação do seio maxilar com abordagem lateral
Indicada para alturas ósseas de 1-6 mm, esta técnica permite o acesso ao seio através de uma janela lateral (antrostomia lateral).6
- Procedimento: A membrana de Schneider é cuidadosamente elevada, criando um espaço que é preenchido com substitutos ósseos como o Geistlich Bio-Oss®.7
- Benefícios: Elevada fiabilidade em casos de reabsorção óssea grave.
- Evidência: A utilização de membranas de colagénio, como a Geistlich Bio-Gide®, melhora a taxa de sobrevivência dos implantes em 9,3%.8
2. Elevação do seio crestal
Adequada para casos com alturas ósseas de 7-9 mm, esta técnica transcrestal é menos invasiva.9
- Procedimento: O seio é acedido a partir do rebordo alveolar utilizando osteótomos, levantando a membrana de Schneider e colocando um enxerto ósseo.
- Vantagens: Procedimento conservador que permite a colocação imediata de implantes em muitos casos.
- Limitações: Reparação mais difícil em caso de perfuração da membrana.
3. Elevação do seio maxilar com regeneração óssea guiada
Indicada para defeitos verticais e horizontais combinados, esta técnica complementa a elevação do seio maxilar com regeneração óssea guiada para restaurar o volume ósseo tridimensional.10
- Procedimento: Os enxertos ósseos são combinados com membranas de barreira, como a Geistlich Bio-Gide®, para regenerar as deficiências ósseas enquanto se prepara a área para futuros implantes.
- Benefícios: Tratamento abrangente para casos complexos.
4. Preservação do rebordo alveolar
Quando possível, a preservação do rebordo após a extração dentária reduz a necessidade de procedimentos invasivos.11
- Procedimento: Um enxerto ósseo, como o Geistlich Bio-Oss®, é utilizado para manter o volume ósseo após a extração.
- Resultados: Preserva mais de 90% do volume ósseo, reduzindo a necessidade de uma elevação do seio posterior.
Importância dos biomateriais no sucesso da elevação do seio maxilar
Os biomateriais são essenciais para garantir resultados previsíveis:
- Geistlich Bio-Oss®: Apoia a formação de novo osso e mantém o volume ósseo a longo prazo devido à sua lenta reabsorção.12
- Geistlich Bio-Gide®: Protege o enxerto, facilita a cicatrização e reduz as complicações, especialmente em casos de perfuração da membrana de Schneider.13
Estudos clínicos demonstraram taxas de sucesso de implantes de 98,6% quando estes biomateriais são utilizados em combinação.14
Avanços no diagnóstico e planeamento
A precisão do diagnóstico é fundamental para o sucesso. A tomografia computorizada (CBCT) permite a avaliação da qualidade e altura do osso residual, bem como a deteção de possíveis complicações anatómicas, como pseudoquistos antrais.15
Além disso, o planeamento digital facilita a seleção da técnica adequada e a utilização de biomateriais específicos de acordo com as necessidades do doente.
Alternativas à elevação do seio maxilar
Embora o levantamento de seio seja o padrão para casos de perda óssea significativa, existem alternativas:
- Implantes curtos (<10 mm): adequados para pacientes com contraindicações cirúrgicas, embora tenham limitações em termos de estética e estabilidade a longo prazo16.
- Preservação do rebordo alveolar: técnica minimamente invasiva que pode reduzir a necessidade de elevação do seio maxilar, preservando >90% do volume ósseo após a extração dentária.11
Casos clínicos e acompanhamento
Os estudos clínicos demonstraram a eficácia destas técnicas:
- Abordagem lateral com Geistlich Bio-Oss® e Bio-Gide®: Casos com altura óssea residual de 1-2 mm alcançaram estabilidade óssea durante mais de 10 anos.17
- Elevação crestal: Resultados previsíveis em casos com cristas largas e altura residual ≥7 mm.9
Conclusão
A elevação do seio maxilar é uma técnica essencial para reabilitações suportadas por implantes no maxilar. A seleção da técnica correta, a utilização de biomateriais de qualidade e um planeamento preciso garantem resultados bem sucedidos e funcionais a longo prazo.
Referências:
- Jensen OT, et al. International J Oral Maxillofac Impl 1998; 13 Suppl: 11-45. (Estudo clínico).
- Lee J-E, et al. World Journal of Clinical Cases 2014; 2(11):683-688. (Estudo clínico).
- Boyne PJ, et al. Journal of Oral Surgery 1980; 38(8):613-616. (Estudo clínico).
- Jensen OT, et al. International J Oral Maxillofac Impl 1998; 13 Suppl: 11-45. (Estudo clínico).
- Tabela adaptada de Jensen OT, et al. 1998.
- Tatum H Jr. Dental Clinics of North America 1986; 30(2):207-229. (Estudo clínico).
- Aghaloo TL, Moy PK. Int J Oral Maxillofac Implants 2007; 22 Suppl: 49-70. (Estudo clínico).