Crianças em clínica dentária: dicas para uma anestesia tranquila

05-12-2022

Em clínica dentária temos um dos medicamentos mais seguros e eficazes para a prevenção e controlo da dor: os anestésicos locais. 
Mas quando se trata de pacientes pediátricos, são muitas as dúvidas que nos assolam.  Devemos usar anestésicos locais em crianças pequenas? Como posso controlar a ansiedade e a dor que um procedimento odontológico pode causar num pré-adolescente? 
Inibsa

A primeira coisa de que devemos ter noção é que, evitar a aplicação de anestésicos locais em odontopediatria é um erro grave. Devemos evitar ao máximo que o nosso pequeno paciente tenha uma má experiência na nossa clínica, pois pode causar uma perda total de confiança e colaboração. Fazendo das futuras intervenções um verdadeiro pesadelo. 

Temos ao nosso dispor uma diversidade de dicas para tornar as sessões com crianças muito mais agradáveis, tanto para a equipa da clínica quanto para os pacientes (até mesmo para os pais). 

O que podemos fazer antes de aplicar a anestesia?  

É fácil, é simples, mas muitas vezes não nos lembramos. Para superar a possível ansiedade ou medo de aplicar anestesia a um paciente pediátrico, existem 5 coisas que podemos fazer. Estas ferramentas não só nos ajudarão durante o processo de anestesia, mas em todas as intervenções que fazemos em clínica. 

Use linguagem positiva: usar linguagem positiva traz o melhor de nós e é tão poderoso que pode causar mudanças no nosso humor. Por isso, é sempre melhor começar a consulta a dizer “hoje estou feliz” em vez de “não tenha medo”

Use uma linguagem adaptada à idade do paciente: o nível de compreensão das palavras e conceitos subjetivos, como dor, mobilidade, pressão, não será o mesmo numa criança de 3 anos que numa de 12 anos. 

Nunca minta: evite coisas como “não vai doer nada” ou “não se preocupes, não te vou picar”. Uma vez que a criança perca a confiança que deposita em nós, será impossível recuperá-la e o seu nível de colaboração durante a consulta será prejudicado. 

Evite mostrar a agulha: a tripanofobia (pânico as agulhas) causa ansiedade aguda que pode ser acompanhada de medo das feridas e ao sangue ou medo da dor. Uma maneira fácil de evitar esses medos é não mostrar a seringa e a agulha antes de iniciar o processo.  

Mostre o ponto onde vamos pressionar.  Como todas as pessoas, quando se explica a uma criança o que vai acontecer e como vai ser o procedimento, o nível de ansiedade diminui e com isso o sentimento de angústia também. 

E durante a consulta como fazemos?

Pense bem em como se vai posicionar: O posicionamento do dentista e da equipa auxiliar é essencial para evitar uma resposta negativa da criança. 

Use técnicas de distração: tudo funciona aqui. Desde écrans para que vejam desenhos animados ou filmes durante a intervenção ou simplesmente contar uma anedota engraçada. 

Aproximar a luz aos olhos: Aproximar um pouco a lâmpada dos olhos dos nossos pacientes pediátricos fará com que eles tenham que fechá-los e dá-nos tempo para esconder os instrumentos que teremos que usar colocando-os fora de seu campo de visão. 

Coloque a criança em decúbito dorsal. 

Use altas doses de empatia. Também ajudará se o dentista e a restante equipa assistente mantiverem uma voz firme e uma fisionomia serena, assim transmitirão tranquilidade e calma. 

 

Há também conselhos para o após anestesia

Explique as sensações que o anestésico local pode causar: Quando sabemos o que vai acontecer e por que está a acontecer, a sensação de medo e incerteza diminui. Isso funciona da mesma forma para os pacientes pediátricos. Claro que, como já dissemos, tudo é explicado numa linguagem adaptada à idade da criança

Mostre que não há edema. 

Explique a sensação causada pelo anestésico local como algo positivo, normal e temporário. 

Assim vai acalmar os pais 😊. 

 

Mas acima de tudo selecione os elementos certos

Seringa: Não é necessário usar uma seringa especial, mas devemos ter em mente que é sempre melhor usar uma que tenha sistema de autoaspiração. Desta forma, evitaremos os problemas derivados da entrada do anestésico na corrente sanguínea. 

Agulha: É muito importante escolher o tamanho adequado, rejeitando agulhas de tamanho longo para esses pacientes. Também seria recomendado o uso de agulhas com diâmetro interno largo devido à sua capacidade de causar menos dor. 

Anestésico local: Podemos escolher com vasoconstritor ou sem vasoconstritor. O importante é conhecer o efeito e a duração das diferentes moléculas que temos ao nosso alcance e, acima de tudo, calcular corretamente a dose necessária com base no peso da criança. 

 

Bibliografia e referencias: 

Webinar Dra. Ines Guerra – Truques e dicas para o sucesso da anestesia local em crianças https://campusdental.inibsa.com/course/view.php?id=47 

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