A IMPORTÂNCIA DA LAVAGEM NO PROCESSO DE DESINFEÇÃO E ESTERILIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS DENTÁRIOS

19-01-2023

A fase de limpeza prévia à desinfeção e esterilização dos instrumentos da clínica dentaria é talvez uma das partes menos valorizadas de todo o processo. 
Deveria ser exatamente ao contrário. Podemos afirmar que, sem uma limpeza completa dos instrumentos, não é possível desinfetá-los ou esterilizá-los corretamente. De fato, a limpeza é talvez o fator mais importante em todo o processo!
Inibsa

O PROCESSO DE LIMPEZA ANTES DA DESINFEÇÃO DO INSTRUMENTAL 

Definimos limpeza como o procedimento físico-químico encaminhado de arrastar e eliminar qualquer tipo de sujidade e matéria orgânica ou inorgânica que esteja presente num objeto ou superfície. (1) (2) (3) 

O processo de limpeza normalmente é feito com água e detergentes e é acompanhado por uma ação mecânica. 

Por que é que o material deve ser limpo antes de iniciar o processo de desinfecção e esterilização? Porque os restos visíveis de matéria orgânica e inorgânica interferem na inativação microbiana e podem colocar em risco qualquer processo de desinfeção posterior. 

Se falamos de um processo de limpeza correto, devemos considerar que ele possui cinco fases: 

  • Molhar 
  • Ensaboar 
  • Esfregar 
  • Enxaguar 
  • Secar  

 

FATORES QUE INFLUENCIAM E TIPOS DE LAVAGEM 

Existem 5 fatores que influenciam diretamente o processo de limpeza. 

  1. Temperatura da água
  2. Tempo de contato
  3. Dureza da água
  4. Detergente usado
  1. Se a lavagem é feita manual ou mecanicamente 

A temperatura da água para lavar os instrumentos utilizados na tina deve ser sempre morna. Muito quente fixaria as proteínas e muito fria tornaria a remoção de lipídios mais difícil. 

Também deve ser levado em consideração o tipo de lavagem que vamos realizar: 

 

LAVAGEM MANUAL

Como o nome indica, é a fase em que os instrumentos utilizados nas diferentes intervenções na clínica são lavados à mão. Para realizar a lavagem manual, é obrigatório o uso de luvas grossas de borracha, avental de plástico e proteção facial e ocular para evitar ao máximo a exposição aos fluidos corporais. É preferível usar uma escova de cabo longo para esfregar. Além disso, se possível, é melhor que essas escovas sejam descartáveis. 

Também devemos evitar o uso de elementos abrasivos como os esfregões de aço, pois a única coisa que conseguiremos é riscar os instrumentos e facilitar a sua corrosão. 

Teremos sempre que lavar os instrumentos finos e pontiagudos, bem como os instrumentos de diferentes metais, separadamente, para evitar o depósito de eletrólitos de outros metais. 

Por fim, finalizaremos o processo de lavagem enxaguando bem (com bastante água) e secando com papel descartável (nunca com trapos, ou panos que soltem pelos ou outros elementos têxteis que possam atuar como reservatórios de microrganismos). 

Está documentado (1) (2) que a lavagem manual pode causar acidentes fortuitos, já que se manuseam objetos pontiagudos e cortantes constantemente. Portanto, devemos ter muito cuidado ao manusear estes elementos. 

 

LAVAGEM MECÂNICA 

Para lavagem mecânica em clínica odontológica temos 2 possibilidades: 

Tina de ultrassons: Transforma energia elétrica em ondas sonoras. Uma das vantagens da lavagem dos instrumentos na tina de ultrassons é justamente evitar a manipulação dos instrumentos, minimizando o risco de picadas acidentais. 

De acordo com alguns estudos (1), a limpeza ultrassônica é 16 vezes mais eficaz do que a limpeza manual. 

A solução detergente utilizada deve ser mudada pelo menos uma vez por dia ou antes se verificarmos que a água está visivelmente suja. No fim do dia de trabalho, lembre-se de que a tina deve ser esvaziada, limpa e secada e que não deve ser reenchida até que esteja pronta para ser usada novamente. 

Lavadora-desinfetadora térmica: Realizam uma desinfecção térmica a 95ºC durante 10 minutos e incluem um ciclo de secagem. A utilização deste sistema seria o ideal, pois limpa e desinfeta ao mesmo tempo, o que economiza um tempo considerável, minimizando completamente o risco de picadas acidentais. Este tipo de sistema ainda não é largamente implementado no nosso país devido ao seu alto preço. 

Independentemente de como lavamos na nossa clínica, devemos sempre ser rigorosos, meticulosos e minuciosos. 

 

¿ O QUE SÃO AS ENZIMAS E PARA QUE SERVEM? 

As enzimas são moléculas orgânicas de origem proteica que atuam como catalisadores em reações químicas, acelerando a velocidade da reação. 

Por meio dessas reações químicas, as enzimas dissolvem e quebram as diferentes moléculas de sujidade, mesmo em lugares de difícil acesso. 

Existem muitos benefícios associados à incorporação de enzimas nos detergentes. Devemos saber que as enzimas melhoram a limpeza feita com detergente, pois ajudam a quebrar materiais grandes e difíceis de remover em fragmentos menores e, portanto, mais fáceis de remover. 

Quais são as enzimas que um produto deve ter para a limpeza de instrumentos na clínica odontológica? A nossa recomendação é que leia atentamente a etiqueta do produto e verifique se ele contém pelo menos as três enzimas básicas: 

Proteases: Hidrolisam proteínas em aminoácidos que são solúveis em água. Eles serão de grande ajuda para eliminar vestígios de sangue coagulado ou seco. 

Lipases: Hidrolisam triacilglicerídos, obtendo ácidos gordos e glicerol, que são eliminados com a ajuda dos tensoativos contidos no detergente e água no pH adequado. 

Amilases: Hidrolisam polissacarídos obtendo sacarídos solúveis em água. Estas enzimas facilitarão a eliminação dos restos de saliva. 

 

DETERGENTES ENZIMÁTICOS  

Um detergente enzimático é um produto que combina agentes de limpeza com enzimas que ajudam a eliminar certos microrganismos. 

As enzimas tornam os detergentes em produtos facilmente biodegradáveis ​​e apresentam um baixo risco de exposição para as pessoas que são responsáveis do processo de limpeza. (2) 

Os detergentes enzimáticos são elaborados com enzimas específicas que atuam potencializando alguma propriedade, como a remoção de gordura, proteína, biofilme etc.  

Realmente é preciso uma concentração muito baixa de enzimas para que sejam eficazes e têm a vantagem de deixar o resto da matéria intacta, portanto sua compatibilidade com todos os tipos de materiais é alta. 

Algumas recomendações finais 

  • Se os instrumentos não puderem ser lavados imediatamente, devem ser deixados em molho com água e detergente enzimático para evitar a aderência da matéria orgânica.
  • Processe sempre os instrumentos articulados abertos.
  • Não use água muito fria nem muito quente. Seguir indicação do fabricante, caso exista.
  • Dosear e fazer a diluição indicada pelo fabricante.
  • Não use hipoclorito de sódio, pois pode corroer os instrumentos. 

Se quer saber mais sobre o processo de limpeza e desinfeção de instrumentos na clínica dentária, recomendamos que consulte a informação disponível neste webinar (Desinfeção em discussão https://campusdental.inibsa.com/course/view.php?id=82) 

 

Referências bibliográficas: 

1. Lozano, Vicente: Control de las Infecciones Cruzadas – Ed. Avances 2000 

2. VVAA: Prevención de las infecciones en los centros de odontología – Generalitat de Catalunya Departament de Salut 

3. VVAA: Protocolo de Limpieza y Desinfección de la sala de intervenciones – COEM 

4. Colegio Higienistas de Madrid: Protocolo de desinfección y esterilización en la clínica dental.